Materiais: Madeira pintada, aço mola, fitas de cetim, fita isoladora, motor e bateria. Dimensões: 250 x 85 x 85 cm
SINOPSE Neste trabalho, interessou-me explorar o comportamento de várias aves, principalmente, as de rapina, como também, as necrófagas. Este interesse sempre esteve presente dentro de mim, até que, neste verão de 2017, eu comecei a trabalhar e a estar em contato direto com algumas aves de rapina. De certa forma, tomei esta proposta como oportunidade de estudar e ficar a saber mais sobre o tema. Após a minha pesquisa, decidi optar por trabalhar o comportamento e os padrões de voo, de aves com hábitos necrófagos. Este tipo de ave, alimenta-se através das carcaças de animal, deixadas para trás por outros predadores. Observando o seu comportamento, conseguimos perceber que os corvos, por exemplo, encontraram uma fonte de alimentação, quando os vemos um bando deles a voar em movimentos circulares, em torno da tal fonte de alimentação. Em muitas civilizações, este movimento/comportamento era visto como um sinal de mau presságio e que se alguém avistasse tal acontecimento era porque a Morte estava perto. Tendo em quanta os conceitos anteriores, para esta proposta tentei recriar esse “desenho” circular aéreo. A circunferência, em aço mola, acaba por representar a forma geral do movimento e as fitas de cetim preto, servem para transmitir a ideia de imensidão e de arrasto dos corvos. Por um vário número de razões, tanto de construção, como escolha de espaço de exposição, entre outros, o “trabalho final” acabou por não resultar muito bem e eu acabei por ficar muito insatisfeito com ele. Mas, acredito que se for melhor ponderado, pode ser um tema que eu possa a vir trabalhar e repensa-lo outra vez.
“Entroncamento” (2017)
Materiais: Gesso. Dimensões: 186 x 35 x 35 cm
SINOPSE Este trabalho reflete a minha visão de como os outros, à minha volta, me veem. Desde uma pequena idade, as pessoas sempre me viram como uma figura alta e esquelética, comparando-me com um “palito”. Logo à partida, quis explorar essa ideia de verticalidade e a forma de como o meu corpo se destaca no espaço. De forma geral, pensei na representação de mim mesmo, com o termo ao qual as pessoas me comparavam. Contudo, após uma reflexão, decidi optar por usar outro termo comparativo. Cheguei à conclusão que, partindo do estudo no meu corpo e as suas proporções, em termos comparativos eu sou mais parecido com um fósforo, devido ao facto de que como o meu corpo é muito esguio e extremamente magro, a minha cabeça acaba por parecer desproporcional e que é maior que o resto do corpo. Com esta nova figura em mente, novos esboços surgiram e com eles a insatisfação pela rigidez que o corpo do fósforo atribuía à minha figura. Então, fui às bases da própria origem da matéria do fósforo, a madeira, que é proveniente das árvores e tirei de lá a inspiração para o aspeto contorcionado que a minha peça aparenta ter.
“Ponto de Ruptura” (2018)
Materiais: Maquina Cortar Cabelo, espelho, lâmpada, toalha e cabelo, faixa de audio (22'55''). Dimensões Variáveis
SINOPSE A presença aparente de uma pessoa pode indicar muita coisa, contudo nem tudo é o que aparenta ser. Muitas vezes uma pessoa pode parecer calma, alegre, sorridente, no exterior. Mas, por vezes, no seu interior, são consumidas por um tumulto devozes, ruídos, pensamentos, entre outros. Estas vozes/pensamentos tornam-se desesperantes e com esse desespero surge a necessidade de calar esse ruído interior. Neste trabalho, retrato um acontecimento de uma açãoo libertadora. Esta ação está associada, em varias culturas, como um ato de liberdade e de recomeço. Mais uma vez, esta ação, deixou alguns vestígios para trás e é isso que eu apresento, enquadrado numcenário envolvido por luz e som. Esse som que nos envolve ajuda-nos a abstrairmos-nos das vozes interiores e impede que novos pensamentos se manifestem.
“Acção #1” (2018)
Materiais: Madeira. Dimensões: 165 x 65 x 12 cm
SINOPSE Este trabalho é uma primeira experiência/resposta ao tema “destruição através da ação”. Neste trabalho, optei por seguir uma abordagem de um conceito/material mais concreto, mais precisamente, um tronco de madeira. A ideia principal, seria verificar como é que um simples movimento é capaz de alterar/destruir a forma de um objeto, a sua função e a sua materialidade. Foi através deste processo que surgiu esta peça, com o uso de uma rebarbadora, com um disco de madeira, fazendo recortes ao longo do tronco. Ela é-nos apresentada perpendicular à parede, ao nível dos olhos, juntamente com toda a matéria que foi retirada do objeto em si. Estes restos materiais estão colocados diretamente abaixo do objeto da parede. Este trabalho, como disse, foi uma primeira experiência e acabou por resultar em alguns erros técnicos, o que levou ao trabalho perder algum do seu valor(alma). Isto, seria um primeiro ensaio de algo que poderia vir a ser uma series de trabalhos, onde eu exploro mais ações e mais materiais.
“família | s. f., Conjunto formado por duas pessoas ligadas pelo casamento e pelos seus eventuais descendentes;” (2018)
Materiais: Loiça cerâmica, duas colunas de som, fita plástica «Policia», faixa de áudio (3’53’’). Dimensões: 100 x 250 x 120 cm
SINOPSE “família | s. f., Conjunto formado por duas pessoas ligadas pelo casamento e pelos seus eventuais descendentes;”, vem se a inserir na mesma vertente de “destruição através da ação”, contudo, neste trabalho, trato da destruição de um conceito mais figurativo, algo que nos inserimos e que não podemos tocar. No seio familiar, nem tudo é um mar de rosas. E, muitos dos momentos mais atribulados passam despercebidos aos olhos de uma criança. Contudo, há situações que ficam marcadas para a vida, uma das situações de que me lembro de criança, era quando, uma noite, estávamos a jantar e os meus pais começaram a discutir, muitos gritos se ouviam, tal como, muita loiça partida e quando dou por mim estou a ouvir sirenes da polícia e a ser levado para casa da minha tia. Dos vários momentos de discussão familiar, o porquê de estarem nunca foi claro para mim, até hoje, a minha única memoria dessas situações é o som de loiça a partir. Desta forma, retrato estes acontecimentos através de uma espécie de diálogo entre duas pessoas e o que esta dentro delas é o resultado da acumulação desses acontecimentos.
“casa | s. f., conjunto de pessoas de família ou de pessoas que habitam o mesmo espaço;” (2018)
Materiais: Madeira, vidro, bicho da madeira e fita preta. Dimensões: 21 x 150 x 10 cm
SINOPSE “casa | s. f., conjunto de pessoas de família ou de pessoas que habitam o mesmo espaço;” é um trabalho que vai de encontro ao anterior, “família (…)”, que reflete, também, na destruição de um conceito figurativo. Com este trabalho, queria transmitir a ideia de destruição de um espaço físico, sendo ele, um espaço onde o seio familiar habita. Então, com o uso do bicho da madeira, venho a representar a ideia de família/comunidade, onde está inserido numa espécie de terrário para que se possa observar o processo de prosperidade do bicho, tal como, a destruição do espaço. Desta forma, o bicho da madeira vai habitar aquele espaço, alimentar-se dele, multiplicar-se nele, levando à sua eventual destruição (do espaço) e a decadência (do bicho).