ENSAIO
Brilho do olhar, 2017
MDF, espelhos, vidro de janela com película incolor, lâmpada LED
30 x 30 x 30cm
MDF, espelhos, vidro de janela com película incolor, lâmpada LED
30 x 30 x 30cm
Baseado na leitura do conto Felicidade na palma da mão (Baptista, Augusto. Mangas, Francisco Duarte. O medo não podia ter tudo), interessou-me reproduzir esta sensação de possuir na ‘palma da nossa mão’ a expressão da nossa felicidade e do nosso contentamento – o brilho do olhar. De facto, são os olhos, muitas vezes, o indicativo do nosso estado de espírito. Contudo, encontrar uma forma de estimular este brilho foi desafiante, porque nem sempre estamos predispostos a estes estados de euforia e ninguém reage da mesma forma às mesmas emoções. Muitas são as pessoas cujo brilho é inexistente, é baço, e o olhar intransponível. Com este artifício, tentei provocar este brilho em qualquer pessoa, mesmo que artificialmente.
Corpo presente | Corpo físico ausente
O EU APARENTE
Eu aparente , 2017
Cera de abelha, gesso
160 x 27,5 x 15cm
Cera de abelha, gesso
160 x 27,5 x 15cm
Eu aparente contém em si algumas das características psicológicas que melhor me caracterizam, um pouco a partir daquilo que é o meu auto-conhecimento e o que o outro diz de mim e do meu carácter. Escolhi a cera de abelha como elemento principal, porque, para mim, é um material que transmite uma ideia de fragilidade e delicadeza, em contraste com outros materiais como o cimento ou o metal. O gesso funciona como elemento secundário e realça as partes do meu rosto que remetem para essas mesmas características: serenidade, timidez, escuta, recolhimento. O espaço de colocação do trabalho tem como objetivo reforçar estas mesmas características.
Corpo presente | Corpo físico ausente
ANALISADO POR DENTRO
Sem título (memorial à minha avó) , 2018
Madeira, gesso patinado, veludo, fio de lã, terra
Dimensões variáveis
Madeira, gesso patinado, veludo, fio de lã, terra
Dimensões variáveis
No seguimento da proposta autobiográfica, foi explorado, neste trabalho, o meu eu interior – um momento e uma pessoa que moldaram aquilo que é a minha personalidade hoje. O objeto funciona como uma espécie de memorial que remete para características físicas e traços da personalidade dessa pessoa, uma pessoa que marcou um momento particular, a minha infância, e que moldou a minha personalidade hoje - a minha avó. No fundo, são características e qualidades dela que influenciaram o meu crescimento pessoal e me fazem regressar à minha infância – fortaleza, solidez, suporte, o carinho e o cuidado típicos de uma avó e, fisicamente, a pele aveludada e macia que a caracterizavam.
Tema: MEMÓRIA
Objeto de autor – da edição, do múltiplo e do módulo
1.2
Gabinete de curiosidades, 2018
Gavetas antigas, madeira, objetos de metal enferrujados, caixas de madeira, caixas de cartão, páginas soltas de um livro antigo, tecido com marcas, azulejos partidos, documento antigo, rede de plástico, flores secas, folhas de louro secas, jornal, chave
193 x 87 x 13cm
Gavetas antigas, madeira, objetos de metal enferrujados, caixas de madeira, caixas de cartão, páginas soltas de um livro antigo, tecido com marcas, azulejos partidos, documento antigo, rede de plástico, flores secas, folhas de louro secas, jornal, chave
193 x 87 x 13cm
A memória é talvez a consequência mais expressiva da passagem do tempo, quer em nós, quer nos objetos. É aquilo que permanece e nos indica uma temporalidade.
Nesta primeira fase, a memória foi explorada numa perspetiva mais material, enquanto marca do tempo deixada nos objetos (oxidação no ferro, nódoas nos tecidos, digitais, …). Neste sentido, Gabinete de Curiosidades é uma conjunto de caixas/ gavetas que pretende funcionar à maneira dos famosos Gabinetes de Curiosidade dos séculos XVI e XVII. Apesar de, neste caso, os objetos recolhidos e que fazem parte da composição não serem propriamente preciosidades ou relíquias, como era habitual nos originais, a intenção foi trazer estes objetos mundanos e despropositados (encontrados ou pessoais) do nosso quotidiano para o Mundo da Arte, atribuindo-lhes, deste modo, um valor que na realidade não têm. São, no geral, objetos banais encontrados no lixo ou noutras situações idênticas de abandono, bem como objetos pessoais, carregados de memórias, e tratados, nesta composição, como relíquias.
Nesta primeira fase, a memória foi explorada numa perspetiva mais material, enquanto marca do tempo deixada nos objetos (oxidação no ferro, nódoas nos tecidos, digitais, …). Neste sentido, Gabinete de Curiosidades é uma conjunto de caixas/ gavetas que pretende funcionar à maneira dos famosos Gabinetes de Curiosidade dos séculos XVI e XVII. Apesar de, neste caso, os objetos recolhidos e que fazem parte da composição não serem propriamente preciosidades ou relíquias, como era habitual nos originais, a intenção foi trazer estes objetos mundanos e despropositados (encontrados ou pessoais) do nosso quotidiano para o Mundo da Arte, atribuindo-lhes, deste modo, um valor que na realidade não têm. São, no geral, objetos banais encontrados no lixo ou noutras situações idênticas de abandono, bem como objetos pessoais, carregados de memórias, e tratados, nesta composição, como relíquias.
QUASE FINAL
Memória perpétua, 2018
Cimento branco, vidro, almofada em veludo, arame, aromas variados
105 x 77,5 x 38cm
Cimento branco, vidro, almofada em veludo, arame, aromas variados
105 x 77,5 x 38cm
Dando seguimento ao tema selecionado anteriormente, é explorada, neste trabalho, a memória de um ponto de vista mais subjetivo, pessoal e até afetivo. Memória perpétua surge na tentativa de fazer perdurar uma memória pessoal, e pretende funcionar como um relicário – um local quase sagrado onde guardo algo que quero que permaneça inviolável, protegido e permanente. Trata-se de uma caixa em cimento e vidro que não possui qualquer ponto de acesso (tampa, abertura,…) a não ser se quebrarmos o vidro, ou a própria caixa. No interior há somente uma almofada de veludo e a memória selecionada – um aroma, um cheiro particular que facilmente me remete à minha infância e que eu quero que se perpetue. É uma memória muito particular visto não se tratar de algo objetal ou que possua um corpo visível, contudo, é uma memória que, mesmo sendo olfativa, ocupa um espaço dentro da caixa e por isso está também presente na almofada que a recebe da mesma forma que normalmente recebe as relíquias e jóias. O objeto é colocado no espaço exterior, realçando ainda mais o seu carácter intocável e sagrado.